segunda-feira, 11 de maio de 2009

transição,complexidade,subjetividade e muitas dúvidas!




"Eu não me encaixo em nenhum desses tipos de pessoas. Não sou corajosa o suficiente para sempre seguir meu coração e nem fria o suficiente para poder ser tão racional. O que eu vejo?Eu não me permito ver as coisas como elas realmente são...simples. Tenho o costume de usar lentes caleidoscópicas que me levam a uma verdade totalmente subjetiva. Eu me entendo dentro de mim, mas eu não me entendo dentro do mundo. Eu basicamente vivo nessa luta interna entre a covardia do meu coração, a falta de firmeza de meus pensamentos e minhas lentes caleidoscópicas. E vivo na luta externa com o mundo, pra tentar deixar de ser tão complexa e simplificar as coisas. Tantas lutas com um único objetivo: buscar a felicidade minha e de quem me cerca."
Clarice Lispector


Tentando entender a minha própria complexidade,pra depois tentar entender a complexidade alheia...mas a minha complexidade anda tão complexa,que talvez a complexidade alheia seja mais fácil de se compreender...

Cada dia mais existencialista ou niilista...?Nietzsche talvez dissesse que eu me encontro num estágio intermediário: entre a fase do camelo e a fase do leão.

Tentando também desvendar os imprevistos da existência,mesmo sabendo que eu nunca vou desvendar...Seria a minha realidade complexa e subjetiva,uma realidade ilusória?

Hoje eu estava lendo um outro blog,e vi um post que através de um fato cotidiano conseguiu traduzir tão bem o que eu vinha pensando há long long time...foi o seguinte: a dona do blog estava brincando com um daqueles cubos mágicos...aqueles quebra-cabeças coloridos...e aí ela traçou como objetivo concluir uma face do cubo,e escolheu a cor vemelha. Ela passou um tempão tentando concluir o lado vermelho,ficou obcecada...mas não conseguiu. Aí ela desistiu e jogou o cubo de lado...quando o cubo caiu e ela olhou,ela tinha concluído o lado amarelo...mas estava tão obcecada pelo vermelho que tinha passado um tempão e ela mal notou o êxito no amarelo. Sacou? Acho que eu venho fazendo isso há teeeempos...me fixei muito no vermelho...agora preciso descobrir como andam as outras cores! Éééé...eu tô um saco hoje!

Esses períodos de transição sempre me deixam assim...me perdoem a minha crise número 3.492,mas eu precisava ''passar pro papel''...

um beeeeijoooooooo (se é que alguém entra nesse blog,né?)

domingo, 10 de maio de 2009

Le Petit Prince



"Eis que um dia apareceu uma raposa:
- Bom dia - disse a raposa.
- Bom dia - respondeu educadamente o pequeno príncipe, que, olhando ao redor, nada viu.
- Eu estou aqui - disse a voz, - debaixo da macieira...
- Quem és tu? - perguntou o principezinho. - Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa- ela respondeu.
- Vem brincar comigo. - ele propôs. - Eu estou tão triste.
- Eu não posso brincar contigo. - Disse a raposa. - Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa. - disse o principezinho.
Mas, após refletir, acrescentou:
- Que quer dizer isso..."cativar"?
- É algo quase sempre esquecido. - disse a raposa. - Significa "criar laços"...
- "Criar laços"?
- Exatamente. - disse a raposa - Tu não és ainda para mim senão um garoto igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender. – disse o pequeno príncipe.
A raposa retomou seu raciocínio:
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Tudo é sempre tão igual. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fosse musica. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? O trigo pra mim não vale nada, eu não como pão! Os campos de trigo não me lembram coisa alguma, e isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo.
A raposa calou-se e observou por muito tempo o príncipe:
- Por favor...cativa-me! – ela pediu.
- Não tenho tempo! – disse o príncipe - Ainda tenho muitas coisas a conhecer!
- a gente só conhece bem as coisas que cativou. – disse a raposa. – os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me.
- Que é preciso fazer? – perguntou o pequeno príncipe.
- Ah...é preciso ser paciente. – respondeu a raposa. – tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim. Eu te olharei de canto de olho, e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentará mais perto...
Assim, com o passar dos dias, o pequeno príncipe cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah, eu vou chorar.
- a culpa é tua. – disse o principezinho. – eu não queria te fazer mal; mas tu que quiseste que eu te cativasse.
- Quis. – disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! – disse ele.
- Vou. – disse ela.
- Então, não terás ganhado nada!
- Terei, sim – disse a raposa – por causa da cor do trigo.
E depois, acrescentou:
- Te dou de presente o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Agora, eu sou responsável por ti, e tu és responsável por mim."


Dispensa ou não dispensa explicação...?
Hoje,não vou escrever mais do que isso:deixo o Saint-Exupéry falar por mim...