terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Porque História?



Estava agorinha mesmo ao telefone com um grande amigo da faculdade...o típico estudante de História: barbudo, de óculos, intelectual e altamente filosófico. Eis que ele me fez uma pergunta que me deixou bastante irritada,pois a escuto desde meu primeiro dia na faculdade:

"Porque você faz História?"

A verdade é que eu não me irrito mais quando me fazem essa pergunta,mas me incomodou que essa pessoa em especial tenha perguntando,pois ao colocar esta questão, sugeriu que não me conhece tão bem quanto eu pensava...

Pra quem não está entendendo nada,vamos lá...explicarei: quem é da área sabe que estudantes de História,bastante semelhantes,inclusive com os de Ciências Sociais e Filosofia, sofrem de uma doença chamada ESTEREÓTIPO. Sim. Pra mim,isso é uma doença,e das graves.

Eu resolvi fazer História na quinta série,aos 11 anos. Sempre me interessou,sempre quis,sempre gostei. Desde criança sempre fui muito chata (pré-requisito para o curso de História),não costumava me enturmar com as outras crianças e estava sempre com um livrinho embaixo do braço. Sempre tive mania de questionar,o que normalmente costumava irritar muita gente,e agradar algumas. Por isso,eu tinha certeza que 'me encontraria' no curso de História...que todos seriam como eu.
Então,quando chegou o momento,prestei vestibular e entrei em uma ótima faculdade,no curso de História...e foi aí que começou a crise.

Apesar de ser uma pessoa que sempre teve interesse por literatura,arte e cultura em geral, também sempre gostei muito de baladas,micaretas,fanfarronices e todas essas coisas consideradas inconcebíveis pela elite intelectual do curso de História. Digamos também,que sou um tanto 'mulherzinha' e SIM,sou vaidosa e gosto de me arrumar...sem contar que entrei na faculdade direto do colégio com meus recém-completados 18 aninhos...

O fato é que já no primeiro dia, para a minha grande decepção de caloura sedenta por festas e comemorações,constatei que as pessoas do meu curso não eram muito adeptas desse tipo de coisa...e muito pelo contrário.

Agora,imaginem só a cena: primeiro dia de aula,curso de História...Mariana entrando na sala de aula com uma calça jeans cheia de strass,blusa com um toque de paetês e salto altíssimo fazendo aquele 'toc toc toc'. (gente..dá um desconto..eu tinha 17 anos e era à noite...o strass mal aparecia!)

É,todo mundi olhou. E aí, fui comunicada que como forma de protesto à reitoria repressora não haveria comememoração,pois não havia o que comemorar.
É,eu quis morrer...

E desde esse dia,virei atração de circo. Tá,sou exagerada. Mas acreditem...escutei muitos absurdos,como : 'você fez chapinha?o que você tá fazendo nesse curso?' ou
'você vai pra Micareta hoje? porque você não vai fazer Direito ou ADM?' ou 'como alguém que gosta de ler pode gostar de chiclete com banana?' ou então os clássicos ' Você faz História? Mentira!' e 'Porque VOCÊ faz História?'.

Afinal,não sou nenhuma hippie/bicho-grilo/trotskista/típica estudante de História...e por isso,até hoje algumas pessoas me olham (muito) feio, e têm certeza de que eu sou uma porta,analfabeta,patricinha,fútil... E o pior,no início entrei numa puta crise existencial e quase larguei o curso de tanto que eu escutei esse tipo de coisa...E sei que tudo isso pode parecer superficial,mas essas coisas meio que mexem com a cabeça da gente...

Fico me perguntando,quando foi que se instituiu esse estereótipo e esse preconceito no meu curso...

Conheço alguém que passou pelo mesmo,e largou o curso. Fico chateada com isso,porque eu não arredei o pé...independente dos meus gostos,ou da minha aparência,sou tão historiadora quanto eles ,e hoje tenho mais do que certeza de que é isso que eu quero pra mim,é isso que eu amo e fico feliz de ver que não deixei essas besteiras me afetarem...

Isso foi meio que um desabafo,mas espero que sirva pra alguém,um dia,quem sabe...e que as pessoas entendam que capacidade intelectual não tem nada a ver com vaidade ou fanfarronices...hahaha :)

Uma boa noite para todos!


"...não me venha com essas história de atraiçoamos-todos-os-nossos-ideais, nunca tive porra de ideal nenhum, só queria era salvar a minha, veja só que coisa mais individualista elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara."
( Caio F. - Os Sobreviventes)




- e só pra descontrair,um vídeo que achei engraçadíssimo: 'Cotidiano de um estudante'

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Planos...




"Faço menos planos e cultivo menos recordações. Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível.
Canso menos, me divirto mais, e não perco a fé por constatar o óbvio: tudo é provisório, inclusive nós."

(Martha Meideiros)


É curioso esse fenômeno que acontece com as pessoas ao final de todo ano,ficamos todos bastante reflexivos e fazemos mil planos para o ano que virá. Muitas promessas,alguns arrependimentos e aquela pré-disposição impressionante para iniciar novos projetos ou ter novas atitudes. Comigo pelo menos é sempre assim...

O fato é que esse ano resolvi reprimir isso...vou deixar rolar e parar com essa minha mania de tentar controlar cada segundo do meu dia. Sei que isso também é um plano,e talvez eu esteja tentando evitar o inevitável,mas não custa nada tentar mudar um pouquinho,pelo menos.

Esse trechinho da Martha Meideiros é bastante inspirador,inclusive...'canso menos e me divirto mais' . Juro que vou tentar (olha só eu já fazendo promessa...).

Não sei,é isso. Eu precisava escrever pra documentar,registrar...deve ser coisa de historiador!

Tô sem inspiração,sem mais...e bons planos de final de ano para todos!




quinta-feira, 6 de novembro de 2008



‘Sou uma mulher do século XIX
disfarçada em século XX.’

(Ana Cristina César)


Talvez eu seja mesmo essa mulher do século XIX disfarçada em século XX.

Na semana passada estávamos no Pátio da Cruz...eu e a Giu, e eis que surge um colega panfletando para um encontro 'xis' das feministas,Pão e Rosas,creio eu...

E não é que nós duas tivemos um surto anti-feminista?

Começamos a discursar sobre a importância do cavalheirismo, dissemos o quanto nós gostamos quando um homem paga a conta e abre a porta do carro e o quanto seria chato ter que trabalhar árduamente pra sustentar uma família sozinha. Sem falar nessa mania insuportável da pós-modernidade que consiste na mulher tomar a iniciativa! Onde já se viu? Eu e as minhas amigas concordamos que esse é o papel do homem!

É claro que as mulheres conquistaram seu espaço,seus direitos e valorizo isso,mas existem coisas que são essenciais numa relação e que foram esquecidas nos últimos tempos,não abro mão disso!

No final de todo esse discurso que é claro,na hora foi muito mais inflamado, ouvimos um "Eeerr...nem dá pra discutir com vocês!". É claro que não, no fundo ele sabia que nós estávamos certas! hahaha

Já tentei ser essa mulher do século XX, até mais do que isso...já tentei ser uma mulher do século XXI,e creio que o resultado não foi dos melhores...mas isso fica pra outra hora. Só pra constar,tô criando coragem pra postar a minha 'obra' aqui! Quem sabe um dia...

Saudações anti-feministas! :)




- Ouvindo: Vinícius de Moraes e Toquinho - Canto de Ossanha

"
Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor
Que passou"

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

vazio.


"Só que chega um ponto que a gente cansa, que não quer mais saber de aventuras ou de procuras, entende? Acho que é isso que vocês não são capazes de compreender, que a gente, um dia, possa não querer mais do que tem."

(Noções de Irene, do livro O Ovo Apunhalado)


...E o que a gente quer,então?


- Ouvindo: Damien Rice e Lisa Hannigan - Waters Of March


sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Primeiro (e talvez único,último ou interminado) Post.




Sabe quando de repente você tem algo como uma inspiração,uma idéia,
um impulso,ou talvez,como diria alguém de quem gosto muito: ''uma pequena epifania''...? Pois é,eu tive.
Hoje eu resolvi não ir à aula,é sexta feira à noite,e eu juro que sair não está nos meus planos. E nesse ócio (que talvez seja criativo) ,entre muitos pensamentos me veio essa vontade de me fechar no meu quarto e começar um blog. Na verdade,eu não sei se esse blog vai existir só no dia de hoje,e se alguém vai ler,não sei nem se vou terminar de escrever isso...É que eu sou assim: esse mesmo impulso que me fez começar a escrever,talvez volte e me faça nem terminar.

Agora que toquei no assunto,fico pensando que se alguém for ler o blog,com certeza vai se perguntar,ou me perguntar porque o nome de ''Poupée Chiffon"... Nada mais justo explicar no primeiro (ou único,ou último,ou interminado) post: Poupée Chiffon é algo como Boneca de Pano,e sempre gostei de bonecas de pano.

No meu quarto tem algumas bonequinas de pano,e uma grande,que eu tenho desde os dez anos...então,olhei em volta,sem idéias para um nome de blog e aí pensei nesse. Outra pessoa de quem gosto muito,diria "nome de blog baú!",assim, como quem tirou de um baú.

Bonecas de pano à parte, no começo do post eu citei alguém de quem gosto muito, essa pessoa,a quem não conheci pessoalmente mas sinto como se conhecesse tão profundamente quanto a mim mesma é o Caio Fernando Abreu,e já vou avisando que caso esse blog permaneça,o Caio permanecerá também,em todos os posts.

O fato é que hoje li uma frase de uma das crônicas dele,uma frase que me fez divagar por horas:
"Abrace a sua loucura antes que seja tarde demais". Simples assim. É como se o Caio me dissesse 'vai lá, o que você tá esperando?porque você pensa tanto quando devia
se jogar?'. E não só ele,ultimamente as pessoas mais próximas têm repetido incessantemente esse tipo de conselho.
Parece tão simples...você lê essa frase,e de súbito levanta de onde está,passa um blush,um gloss,coloca o sapato de oncinha,pega sua bolsa,as chaves do carro e corre pra 'abraçar sua loucura' (antes que seja tarde demais,claro). Mas vale lembrar que na prática,nada é tão glamouroso. Se só o gloss e o blush bastassem,eu estava feliz,mas na vida real ainda precisaria de um make-up total,e tirar esse pijama que não combina nada com o sapato de oncinha.
Ah,vale lembrar também que o freio do carro,que está quebrado me faria passar por poucas e boas nas ladeiras de Sampa. Acho que só pelo tempo que eu levaria com tudo isso, já seria tarde demais.

Tá, futilidades à parte,o que eu realmente pensei e muito hoje foi o seguinte: quanto é esse 'tarde demais'? E será que esse 'tarde demais' existe mesmo,quando eu acredito que tudo é do jeitinho que tem que ser? Então,se não foi,não era pra ser...e não porque ficou 'tarde demais'. Ou,se tiver que ser mesmo,não existe o 'tarde demais'...
É,talvez eu complique o descomplicado. Essa sou eu,prazer. Melhor eu parar por aqui.
Até um dia (ou não!)

...e nesse final de semana,abrace a sua loucura antes que seja tarde demais (seja lá o que for o que isso signifique pra você!)